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sábado, 12 de marzo de 2011

Eu sei que vou te amar

Aponta-se como data de criação 1954.

Eu sei que vou te amar. Caetano Veloso

Garota de Ipanema

"Garota de Ipanema" é um das mais conhecidas canções de Bossa Nova e MPB, foi composta em 1962 por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim. Em 19 de março de 1963 sai a gravação.

Tom Jobim, com Vinícius de Moraes

Vinícius de Moraes (1913-1980)

Nasceu no Rio de Janeiro em 19 de Outubro de 1913.
Seu pai era funcionário mais também poeta e violonista, e sua mãe pianista. Na casa dos pais, todas as noites tinham música, com a presença de grandes artistas. De menino participou dos coros da escola e da igreja.
Ingressou na Faculdade de Direito do Catête, onde seu amigo Otávio Faria descobriu e incentivou sua vocação literária. Graduou-se de advogado.
Foi letrista de musicas gravadas entre 1932 e 1933 algumas em parceria com Haroldo Tapajóse com Paulo Tapajós e uma com o violonista J. Medina.
Nessa época, era amigo de Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.
Ganhou bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford, com o inicio da Segunda Guerra Mundial, retornou ao Rio de Janeiro.
Empregou-se como critico cinematográfico no jornal A Manhã, colaborando também em seu Suplemento Literário e na revista Clima, dirigida pelo critico literário Antônio Cândido.
Em 1946, após dois anos de estagio, assumiu seu primeiro posto diplomático, indo para EUA, como vice-cônsul. Em 1950 retornou ao Brasil e, um ano depois, começou a trabalhar no jornal Última Hora.
Em 1953 foi para Paris, França, como segundo secretário da embaixada, depois foi transferido para Montevidéu, Uruguai, onde ficou até 1960.
Sua peça Orfeu da Conceição, premiada em 1954 no concurso de teatro do IV Centenário de São Paulo SP, foi publicada na revista Anhembi.
Em 1956, resolveu montar Orfeu da Conceição, no Brasil paralelamente a filmagem da peça dirigida por o francês Marcel Camus. Por ela ganhou a palma de ouro no Festival de Cannes, França, e o Oscar de Hollywood, EUA, como melhor filme estrangeiro.
Sua vida foi a de um intelectual boêmio dedicado à música, a poesia, a teatro, a literatura...
Em 1967, organizou o festival de arte em Ouro Preto MG.
Participou de shows com, entre outros, Bom Jobim, Chico Buarque e Nara Leão, Oscar Castro-Neves, Dori Caymmi e Maria Creusa, Toquinho, Marília Medalha.
Vinícius faleceu no Rio de Janeiro em 09 de Julho de 1980.
Bondes do Rio no Filme "Orfeu Negro" (1957-1958)


http://www.mpbnet.com.br/musicos/vinicius.de.moraes/index.html

Pátria Minha

Vinicius de Moraes (1949)

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para 
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra 
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha 
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

Texto extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa",