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lunes, 27 de diciembre de 2010

O Seminarista. Rubem Fonseca (2010)

Passeio Noturno. Rubem Fonseca

Agosto. (1990)

Transcorre em agosto de 1954 e apresenta os sucessos históricos que culminaram com o suicídio de Getúlio Vargas. Mês de crimes, de atentados políticos, de lutas infames pelo poder. Um mês de paixões, de gestos de desespero e de loucura. Um mês de multidões nas ruas.
O romance é feito de muitas histórias: pessoais, policiais, políticas, heróicas, reais, fictícias.
É antes de tudo uma brilhante irônica e dramática celebração literária.
Apesar de complexa realidade da década de 50, a obra é objetiva e de fácil compreensão.
Uma característica é o paralelismo entre os fatos reais e a ficção que, somados a uma linguagem simples e coloquial, proporcionam uma leitura rápida e agradável.

Na história policial-ficcional têm voz Getúlio, seu irmão Benjamim, sua filha Alzira, vários ministros.
Todo a redor do personagem central, o comissário Alberto Mattos que é um personagem fictício, como suas namoradas. Cada personagem tem seu estilo, sua linguagem, o policial, o político, o advogado. Cada um tem seu código, o comissário narra e a obra têm diálogos, ações, dramas, dúvidas, tentativa de assassinato, mortes...
O enredo:
Os escândalos políticos apareciam diariamente nas páginas dos jornais. Getúlio Vargas, Presidente da República, começou perder sua popularidade. O povo estava dividido entre o Presidente e Carlos Lacerda, jornalista implacável que dizia desmascarar o governo brasileiro. Lacerda era o maior opositor ao governo.
Se planejou um atentado contra a vida de Carlos Lacerda que saiu apenas ferido, enquanto outro crime aconteceu, o assassinato de um milionário em seu próprio luxuoso apartamento, em um bairro importante na cidade do Rio de Janeiro.
A vida do comissário estava cercada pelos crimes, ele tinha úlcera no estômago e estava envolvido com duas namoradas que o perturbavam.
O Comissário tinha uma única pista do assassinato do milionário, um anel dourado e alguns pêlos de negro no sabonete do banheiro. Uma de suas namoradas era casada com Pedro e diz que ele tinha como amante à viúva do milionário morto.
Começou uma investigação que o levou ao dono do anel, e com ele, ao crime.
A situação se tornou cada vez mais crítica para o Presidente quem marcou uma reunião com os ministros no Palácio do Catete. Cada um fez a sua análise da situação política nacional. Vargas, cansado, solitário e deprimido, foi a seu quarto e decidiu "sair da vida para entrar na História", com um tiro no peito acabou com sua vida e convulsionou o país.
O suicídio foi a saída para a situação catastrófica.

Ao final do romance, temos muitos elementos à vista, a corrupção policial, as negociatas políticas no Senado e na Câmara, a compra de favores, a derrota do único honesto como sinal da impossibilidade de existir um pouco de honestidade naquele meio.

As convulsões ocorrem, mas tudo sempre volta à calma com o se nada tivesse acontecido.

Feliz Ano Novo. Conto

É o conto que dá o nome ao livro. Nele, Rubem Fonseca expõe cruamente o contraste entre a classe marginalizada, pobre, e a burguesia indiferente ao que acontece na periferia.
Por sua fala, seu lugar que cheira mal, que têm drogas, armas e objetos roubados, a narrativa está ambientada no estrato social de excluídos, estrato ao que pertencem os três protagonistas dessa história que são negros, feios e desdentados. O narrador, que é um deles.
Os personagens assistem por Tv aos preparativos para a chegada do Ano Novo e a propagandas das roupas para se comprarem. Isso fez imaginarem como seria uma festa dos ricos e incitou-los à violência...
Decidiram invadir uma casa dos ricos que estariam dando uma festa, eles poderiam roubar respondendo à agressão que sentiram na TV.
Os marginais invadiram uma mansão por acaso, em meio da festa de réveillon.
A única descrição importante da casa é do banheiro do quarto da proprietária que possuía uma grande banheira de mármore, a parede forrada de espelhos e tudo cheirando a perfume.
Essa descrição dá para marcar a diferença com as casas dos marginais onde o banheiro cheirava tão mal às vezes preferiam usar a escada do prédio.
Rubem Fonseca mostra o pensamento de seus leitores de classe média: Os marginais, como não podem ter o que nós temos, destroem o que é nosso. Essa é a tônica do conto.

Não tem tentativa de diálogo entre esses dois espaços tão distantes, estão ressaltadas a inveja e a violência dos que nada têm. Além disso, Rubem Fonseca mostra também que a violência perpassa todos os estratos sociais, pareceria ser que é uma condição da vida cotidiana nos grandes centros urbanos.

Livro: Feliz Ano Novo (1975)

É indispensável a leitura deste livro de contos para conhecer o mínimo a respeito de Rubem Fonseca,
Meses após a primeira publicação, o governo militar, com seu autoritarismo, proibiu a circulação do livro.
O ministro Armando Falcão, responsável pela censura, disse do livro o seguinte: "Li pouquíssima coisa, talvez uns seis palavrões, e isso bastou".
Um senador ligado aos militares declarou sobre Feliz Ano Novo que "Suspender foi pouco. Quem escreveu aquilo deveria estar na cadeia e quem lhe deu guarida também. Não consegui ler nem uma página. Bastaram meia dúzia de palavras. É uma coisa tão baixa que o público nem deveria tomar conhecimento".
O livro Feliz Ano Novo e seu autor tinham recebido julgamentos favoráveis e contrários.
Apenas em 1989 o público brasileiro pôde adquirir nas livrarias novos exemplares do livro Feliz Ano Novo que gozou de grande sucesso.
Toda a polêmica levantada por estes contos foi por que pela primeira vez, a literatura brasileira retratava a vida de um país urbano, industrial, com desigualdades históricas, que nos anos 70, viraram na violência social e na pobreza que repercute até os dias de hoje. Rubem Fonseca consegue, com seus contos, perceber um país de língua vulgar, de práticas criminosas tão próximas, em que a vida começa a valer muito pouco, em que personalidades verdadeiras sucumbem ante o poder do dinheiro e da máquina de exclusão social. Narrar casos de violência extrema serveu para desnudar a facilidade com que se adere ao cinismo e à hipocrisia.

José Rubem Fonseca

É um extraordinário contista e romancista do Brasil, escritor e roteirista do cinema brasileiro. Nasceu em 1925. Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em 1952 iniciou sua carreira na polícia onde foi exonerado em 1958. Muitos dos fatos vividos naquela época estão imortalizados em seus livros.
Aluno brilhante da Escola de Polícia se destacou em Psicologia. Seu trabalho foi cuidar do serviço de relações públicas da polícia. Não demonstrava, então, inclinação pela literatura.
Em 1953 foi escolhido, com mais nove policiais cariocas, para se aperfeiçoar nos Estados Unidos e aproveitou a oportunidade para estudar administração de empresas na New York University.
As obras de Rubem Fonseca geralmente retratam, em estilo seco e direto, a luxúria e a violência urbana, em um mundo onde marginais, assassinos, prostitutas, miseráveis e delegados se misturam. Também é uma marca sua, a história através da ficção, como no romance Agosto (seu livro mais famoso) em que retratou as conspirações que resultaram no suicídio de Getúlio Vargas, ou em O Selvagem da Ópera em que retrata a vida de Carlos Gomes.
Criou, para protagonizar alguns de seus contos e romances, um personagem antológico: O advogado Mandrake, mulherengo, cínico e imoral, além de profundo conhecedor do submundo carioca. Mandrake foi transformado em série para a televisão, com roteiros de José Henrique Fonseca, filho de Rubem, e o ator Marcos Palmeira.
Sendo profundamente interessado na arte cinematográfica, escreve também roteiros para filmes, muitos premiados.
É viúvo de Théa Maud e tem três filhos: Maria Beatriz, José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca.

Romances
O caso Morel (1973)// A grande arte (1983)// Bufo & Spallanzani (1986)// Vastas emoções e pensamentos imperfeitos (1988)// Agosto (1990)// O selvagem da ópera (1994)// O doente Molière (2000)// Diário de um fescenino (2003)// Mandrake, a bíblia e a bengala (2005)// O Seminarista (2009)
Contos
Os prisioneiros (1963)/// A coleira do cão (1965)// Lúcia McCartney (1967)// Feliz Ano Novo (1975)// O cobrador (1979)// Romance negro e outras histórias (1992)// O buraco na parede (1995)// Histórias de amor (1997)// A confraria dos espadas (1998)// Secreções, excreções e desatinos (2001)// Pequenas criaturas (2002)// 64 Contos de Rubem Fonseca (2004)// Ela e outras mulheres (2006)
Outros
O homem de fevereiro ou março (antologia, 1973)// E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto (novela, 1997)// O romance morreu (crônicas, 2007)
Prêmios
Coruja de Ouro pelo roteiro de Relatório de um homem casado, filme dirigido por Flávio Tambellini
Kikito do Festival de Gramado, pelo roteiro de Stelinha, dirigido por Miguel Faria Jr.
Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelo roteiro de A grande arte, filme dirigido por Walter Salles Jr.
Prêmio Jabuti
Em 2003, ganhou o Prêmio Camões, o mais prestigiado galardão literário para a língua portuguesa.