viernes, 18 de marzo de 2011

Estorvo

No livro mostra se a falta de projetos dos anos 90, as pessoas que vivem imersas num grande vazio.
Fixando assim a complexa imagem do país, com uma sociedade degradada, hipócrita, com valores em decadência e dividida entre os muitos ricos e os que vivem de atividade ilegal ou em torno dela e com proteção da polícia.
Nesse contexto Estorvo faz uma representação da total falta de perspectiva do homem contemporâneo inserido na sociedade desse tempo.
O narrador não conta apenas o que vive ou viveu, imagina e relata essas imaginações.
Não sei se a história e sonho ou realidade, além disso, a estrutura não é lineal. Penetra pelo passado e faz retornos ao presente.
O personagem do livro não tem vontade própria, não é racional, comportado também não.
Mostrou-se desajustado às regras sociais, não se adequou a nenhum emprego, aceitou ser sustentado pela mulher e pela irmã...
Depois da morte do pai não foi capaz de administrar os bens da família. Não valorizou nenhum bem material perdendo a mala com suas roupas, por exemplo, teve seu sítio invadido, só pensou em se livrar da droga (não em vender) e, entretanto, ele não reagiu, sonhava em fazer viagens mas ao mesmo tempo admitia que não lhe desgostaria “ficar suspenso no tempo”.
Sua apatia é assumida e quase irreversível.
No livro, ninguém tem nome, todos sem rumo e individualidade também não têm.
Não se fecha o círculo nenhum.
Não se fecha o círculo quando foge:
Na fuga está sempre voltando aos mesmos lugares. A casa da irmã, o sítio da família, que foi tomado por traficantes de maconha. Foge de si mesmo mais não chega a nenhum lugar, aparece em constante movimento, revelando a imobilidade e a impossibilidade de reagir a esse mundo.
No final, entretanto, a impressão que tenho é a de que o narrador morre, mais pensa em retornar aos mesmos lugares, ver as mesmas pessoas, fazer as mesmas coisas. Anda em círculo, sempre, e não chega a lugar nenhum.
Não se fecha o círculo com sua irmã:
Ele fica sabendo que a casa da irmã foi assaltada, que ela foi estuprada e que viajou para Paris, para se recuperar. Foi visitado por um misterioso homem a quem não quer atender, por não conseguir definir ao sujeito através do olho mágico. Ele vai à casa de sua irmã, encontra-a olhando fotos da última viagem e infere que as fotos sem pessoas e desfocalizadas devem ser fotos do início da viagem, quando ela estava sozinha e emocionalmente abalada. Fechando o círculo.
Não se fecha o círculo com o apartamento:
Seria o mesmo apartamento em que ele se encontra no início da narrativa, ao ouvir o toque da campainha o apartamento que ele pediria para a irmã adiantar o aluguel de seis meses,?
Quem seria o sujeito que ele se recusa a encarar?


Triler do filme Estorvo, Chico Buarque

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